Uma sala de aula de um colégio público tem a surpresa de conhecer a morte sem precedentes, quando um homem mascarado entra armado de um revólver e decide que este será o último dia de aula.
Durante os momentos fatídicos, os estudantes mostram-se tão macabros quanto o estranho que os colocara na mais desesperada situação de suas existências. Ódio, medo, amor, preconceito, racismo. Imperam as diferenças sociais entre alunos que fariam de tudo para sairem ilesos. Inclusive matar seus colegas.
Um retrato da sociedade educacional do Brasil.
Um episódio que possui tentáculos em todas as direções que se pode imaginar.
Chacina é a palavra-chave para por um fim a tudo
O autor L.L. Santos disponibilizou para a equipe do MN lit. um teaser do livro com os dois primeiros capítulos que você pode conferir abaixo.
A obra que aborda um tema atual (a memória do caso de Realengo ainda está viva na memória de muita gente da Z.O. carioca) e pode ser comprada aqui.
BULLYING
MATANDO AULA
L.
L. SANTOS
O ESTAMPIDO
Não
era apenas uma viatura que estava nesse momento estacionada em frente à escola.
Mas dezenas. Mesmo policiais de municípios vizinhos tiveram de vir até o local
onde uma grande tragédia aconteceria em poucas horas.
O
cordão de isolamento não era suficiente para conter a multidão de pais, alunos
e curiosos que queriam saber o que de fato estava acontecendo.
Os
jornalistas de plantão dos meios impressos do interior já apontavam suas
câmeras digitais para o prédio que não exalava qualquer sinal de perigo. Mas de
alguma forma, com seus bloquinhos de papel, já começavam a fazer perguntas
inúteis para escreverem apenas textos sem qualquer informação de interesse real
do público...
Mais policiais.
Os bombeiros também se apresentavam. E até mesmo soldados do quartel localizado
do outro lado da cidade chegavam já se posicionando.
Nunca
se vira tantas armas em punho.
E o
mais interessante...
Não
havia nenhum negociador presente.
E
outro fato ainda mais importante...
Ninguém
ali sabia o que estava mesmo ocorrendo dentro de uma das salas do terceiro
andar. As janelas tinham as persianas fechadas. E não houve qualquer contato.
Tudo
o que se sabia, era que um monstro havia entrado facilmente na escola.
Um
monstro...
Ou
seria um homem...
Não
era comum acontecer cenas como essas em Francisco Alves do Sudoeste. A
cidadezinha que ficava localizada entre Francisco Beltrão e Pato Branco, no
sudoeste do Paraná...
Não
era...
Mas
nenhum lugar é imune contra o mal...
Nem o
Reino dos Céus...
A TV
é ainda o mais poderoso meio da comunicação do planeta. O rádio, a Internet e o
que mais existe, ainda é um reflexo.
O
aparelho televisor estava sintonizado em uma emissora aleatoriamente. O pequeno
Carlinhos Silva brincava com seus blocos de Lego na sala como uma criança
qualquer aos sete anos de idade. Estava no primeiro ano do ensino fundamental.
E isso já devia ter uns três meses. Mas ele olhava para a TV. Mesmo sem muito
entender. Na verdade, nada entendia. E suas lembranças, com o passar dos anos
seriam jogadas para debaixo do tapete que fica em um canto dentro da caixa
craniana. Algo absolutamente normal.
O
Jornal Nacional exibe uma matéria intitulada como A Tragédia de Columbine. Uma universidade norte-americana, onde
dois alunos entram com armas e começam um verdadeiro genocídio. Matando
professores e outros estudantes. Um dos assassinos sobe na torre de observação
e de lá passa a atirar em qualquer um que se mova pelo pátio.
No
fim, ambos atiradores, cometem suicídio.
E no
armário de um deles, é encontrado um romance de Stephen King, intitulado Fúria.
O que para muitos (e inclusive para o autor, que proibiu novas impressões do
livro) significou que a obra fictícia agiu como um catalisador.
Tudo
bem, estudantes norte-americanos não precisam de romances para saírem atirando
em tudo e em todos. Basta terem interesse no ofício do terrorismo.
*
* *
Carlinhos
pôde até ter prestado atenção aquela reportagem. Mas com o passar dos dias, dos
meses, e dos anos... esqueceu...
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