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Deciframos ( Ou tentamos ) o livro Arma Escarlate em entrevista com Renata Ventura




 Renata Pacheco Ventura sempre soube que seria escritora. Nascida no Rio de Janeiro, em 1985, morou por quatro anos nos Estados Unidos, onde começou a cursar Comunicação Social na Universidade de Houston. Formando-se em Jornalismo pela PUC-Rio, escreveu a dissertação “100% Off – O Manual do Colonizado”, onde analisou a colonização cultural do brasileiro – tema que volta a abordar em “A Arma Escarlate”.
    Trabalhou por três anos fazendo pesquisa e roteiro para cinema documentário antes de decidir se dedicar exclusivamente a seu primeiro livro. Nesse meio tempo, implementou uma forma de interação com seus leitores, em que eles podem conversar virtualmente com alguns dos personagens do livro através de redes sociais; fazendo-lhes perguntas, batendo um papo descompromissado ou até mesmo tentando descobrir segredos da trama. Seu objetivo como escritora é contar histórias que divirtam e, ao mesmo tempo, façam o leitor refletir sobre si mesmo e sobre o mundo a sua volta.



Sinopse - A Arma Escarlate - Renata Ventura

O ano é 1997. Em meio a um intenso tiroteio, durante uma das épocas mais sangrentas da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, um menino de 13 anos descobre que é bruxo. Jurado de morte pelos chefes do tráfico, Hugo foge com apenas um objetivo em mente: aprender magia o suficiente para voltar e enfrentar o bandido que está ameaçando sua família. Neste processo de aprendizado, no entanto, ele pode acabar por descobrir o quanto de bandido há dentro dele mesmo.

Leia a resenha do Livro no Blog Nerd Lit. 


Tivemos a oportunidade de conhecer e conversar um pouco com a Renata  tentamos arrancar o maximo dela, espero que vocês gostem...

Mundo Nerd : A Arma Escarlate .. Do que fala o livro? 
Renata Ventura: A ARMA ESCARLATE conta a história de um menino de 13 anos, morador do morro Dona Marta que, durante uma violenta incursão policial à favela, em 1997, descobre que é bruxo. Acuado entre a polícia e os traficantes a quem ele dedurou, Hugo foge e começa a aprender magia com o intuito único de sobreviver; de se fazer mais forte para conseguir se livrar do bandido que está ameaçando sua família. 

Portanto, desde o início, Hugo considera sua varinha como uma arma, não como uma ferramenta. Essa é uma das grandes diferenças entre ele e Harry Potter. E é uma diferença considerável. Hugo sempre viveu sob ameaça constante e ele nunca foi de baixar a cabeça para ninguém. Se ameaçado, ele reage, mesmo que isso o coloque em um perigo maior ainda. Por isso, desde muito jovem ele teve que se fazer esperto para sobreviver, e isso o tornou extremamente desconfiado de tudo e de todos; arisco, agressivo até, quando se vê minimamente ameaçado. 
E um menino desses com uma varinha nas mãos, vocês imaginam, pode fazer bastante estrago. 
Renata Ventura

MN:  Fora Harry Potter onde mais você tirou inspiração para seu livro? 
RV: Tudo que eu leio serve de inspiração para o que eu escrevo; desde livros de fantasia até estudos sociológicos. Mas falando em fantasia, uma de minhas grandes influências, depois de J.K. Rowling (que, para mim, é fantástica), foi Anne Rice com suas Crônicas Vampirescas. A maneira como ela deu vida psicológica a seus vampiros, criando personagens incrivelmente densos e complexos, sem tirar a maldade deles, foi, para mim, extraordinária.

 Quanto a influências menos recentes, eu sempre cito Monteiro Lobato, pelo modo como ele brincava com a história e com a mitologia brasileira – que é algo que eu gosto muito de fazer nos meus livros, mas sem adocicar o folclore, como ele às vezes fazia. 

MN: A quanto tempo você vem trabalhando nesse livro ?
RV: Foram seis anos de muito trabalho, pesquisa e planejamento. Muito do que eu falo do Dona Marta de 1997, por exemplo, foi pesquisado em livros e jornais da época. Daquele ano para cá, muita coisa mudou na comunidade, que ganhou uma UPP, um bondinho, casas coloridas, certo investimento do governo e programas sociais, mas que, em 1997, era um local super violento e completamente dominado pelo tráfico. O jornalista Caco Barcellos fez um livro ótimo a respeito daquela época, chamado “Abusado”.

Outra pesquisa muito importante que precisei fazer foi em relação à mitologia brasileira, que pretendo usar bastante ainda, para enriquecer os próximos livros. Foi preciso uma pesquisa minuciosa porque a gente não conhece quase nada do folclore brasileiro, e os personagens que nós conhecemos muitas vezes são deturpados, principalmente por aparecerem em livros infantis, despidos de suas características mais cruéis ou duvidosas. O Saci, por exemplo, se eu for usar em algum próximo livro, certamente não será tão camarada quanto ele aparece no Sítio do Pica-Pau Amarelo. O Saci é um gênio traiçoeiro quando quer. É preciso tomar cuidado com ele. Pode até ser simpático, mas cuidado nunca é pouco.

MN vai ter mais livros? Quantos?
RV: Eu planejo cinco livros para a série do Hugo, e um sexto com a história conturbada do vilão principal, que ainda não aparece no primeiro. Ele até aparece, mas em algumas frases apenas.  
Fica o desafio para quem for ler: encontrar o vilão da série no livro 1. 

MN: Seu livro poderia ser qualificado como adulto ? ou infanto-juvenil? E por quê?
RV: “Infanto” certamente não é. Eu não recomendaria para crianças muito jovens por ter algumas cenas bastante violentas, alguns temas bem densos e assuntos delicados. Se a categoria Juvenil-Adulto existisse, seria nela que meu livro se encaixaria melhor.  

No entanto, eu já tenho alguns fãs de 12 anos que são absolutamente fascinados pelo livro e parecem ter entendido bem a essência do que eu digo nele. Isso é muito bom. Ao mesmo tempo, tenho leitores de 50 anos, 60... até um senhor de 79 anos já leu e gostou. Acho que, dependendo da faixa etária do leitor, ele vai captar e gostar de aspectos diferentes do livro. 
Eu recomendaria para jovens e adultos, pela história, pela ação, pela magia, e pelos temas que eu abordo. 
A capa do Livro 

MN: Seu livro não tem vilão. O principal divide essa tarefa? Por quê?
RV: Essa é uma questão interessante a se analisar. Eu já vi leitores meus discutindo isso em grupos de discussão: quem é o vilão do livro? 
Não sei se Hugo poderia ser considerado um “vilão” propriamente dito. Ele faz algumas escolhas erradas, ele cria sim um certo pandemônio no mundo mágico, mas será que isso faz dele um vilão? Ou só um jovem complexo, que tem seus maus momentos, suas inseguranças e comete seus erros? Eu já vi muito leitor meu dizer que, em algumas partes do livro, teve vontade de estrangular o Hugo. Haha. Eu entendo quem sente essa fúria assassina contra ele, rsrs, eu mesma já cheguei a sentir isso. Hugo realmente irrita de vez em quando. Mas são tropeços que todo jovem na situação dele poderia cometer. É preciso sempre ver o contexto de onde ele vem, do que ele sofreu, do que ele viu na vida (e ele já viu muita coisa ruim); é preciso considerar tudo isso antes de julgar suas ações. 

Muito interessante perceber que, assim como na vida, na literatura a gente tem essa tendência de rotular um personagem como sendo “bom” ou “mau”, “mocinho” ou “vilão”, e a gente acaba se sentindo levemente desconfortável quando se depara com um personagem escorregadio, que está sempre modulando entre um e outro, dependendo das circunstâncias. 
Estamos também muito acostumado ao mocinho sendo o principal da história. Não sei se Hugo chega a ser um vilão. Ele está mais para anti-herói. Ele tenta fazer a coisa certa, mas às vezes seu instinto fala mais alto. E Hugo costuma ouví-lo.

MN:  Você poderia nos dizer mais um poucos dos outros livros?
RV: Não. rsrs
 Posso dizer que muito do que acontecerá nos próximos livros será consequência direta das besteiras que Hugo fez nesse primeiro. Nada se faz impunemente. 

MN Quem é esse vilão que não aparece no primeiro livro.
RV : Eu não posso dizer muito, apenas que ele é meu segundo personagem favorito (o primeiro não é o Hugo, rs), e que ele é o completo oposto do Voldemort, em quase todos os sentidos.
Se meus leitores já se sentiram confusos com Hugo como protagonista, sendo ele tão canalha de vez em quando, pode ter certeza de que se sentirão ainda mais intrigados com meu vilão principal como antagonista. ;-)  

MN: Fora a série de livros do Hugo Escarlate, podemos esperar alguma coisa fora desse estilo ou universo ?
RV: Sim sim. Por enquanto, estou focada nessa série, mas já tenho alguns projetos na gaveta. Um deles envolvendo piratas. 

MN: Mande uma mensagem final para leitores do Mundo Nerd 
Quando forem ler o livro, tentem ser compreensivos com o Hugo, coitado. Ele teve uma vida difícil.  rsrs. Sejam generosos com ele. :-D
 Ah! E vocês podem, mesmo antes de lerem o livro, conversar com alguns dos personagens que estão no facebook! Eles volta e meia -entram online para bater um papo com os leitores. Vocês podem até tentar arrancar algum segredo deles, mas acho difícil, já que eles foram previamente ameaçados pela autora do livro. rs

A professora substituta, Areta Akilah: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002638283109 
E Hugo Escarlate (perfil criado pela professora Areta. Hugo não queria entrar. Estava com medo de ser muito criticado pelos leitores. E com razão, rs):

Essa foi Renata Ventura e ela vai estar no evento World RPG Fest em Curitiba o livro dela pode ser comprado nos seguintes locais :  http://escarlate.net/blog/comprar/livrarias/

Colaborou : Thor

Comments

  1. Li o livro e recomendo! E dá para comprar na Saraiva "on-line".

    ReplyDelete
  2. Olá!

    Tenho um livro pronto, que será publicado dia 30 de junho. Fiz de maneira independente por uma editora-gráfica. O prólogo se encontra neste site:www.asagadopordosol.com.br.

    Caso queira curtir um teaser (mais de 1.500 visualizações em duas semanas) que fiz dele, entre no youtube e digite "A Saga do Pôr-do-Sol".

    Se rolar uma preguiça, clique aqui: http://www.youtube.com/watch?v=ALueAeThbOk

    Obrigado!

    ReplyDelete

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