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Neuromancer

"O céu por cima do porto tinha a cor de uma TV que saiu do ar. — Não é que eu queira — Case ouviu enquanto abria caminho pela multidão que estava na porta do Chat. — Mas é como se o meu corpo tivesse criado, por si mesmo, esta enorme dependência da droga."



Neuromancer, de William Gibson, é um livro de ficção científica que introduzia novos conceitos para época, como inteligências artificiais avançadas e um cyberespaço quase que “físico”, conceitos que mais tarde foram explorados pela trilogia Matrix. Fazendo parte ainda de uma das mais famosas novelas Cyberpunk e ganhou os três principais prêmios de ficção científica existentes: Nebula, Hugo e Philip K. Dick, após sua publicação em 1984, tendo sido publicado em 1991 no Brasil pela Editora Aleph. Esse foi o primeiro livro de Gibson e o começo de uma trilogia.




    A obra conta a história de Case, um hacker traidor que teve seu cérebro permanentemente danificado, viciando-se em drogas pesadas na tentativa de diminuir seu suplício. Em seguida, foi exilado por seus superiores em uma decadente região do Japão, sem acesso à Matrix, buscando a sobrevivência no submundo do planeta. Sem sua total capacidade neural, viciado e abandonado a própria sorte, vê-se no fim iminente. No entanto, ele recebe a visita de Molly, uma espécie de agente secreta enviada para contratar seus serviços para uma missão cibernética suicida, que não admite erro. 
    Esta missão é como uma segunda chance e voltar ao Ciberespaço. Enfim uma opção de redenção, talvez apenas a única opção, pois Case não tem alternativa: ou obtém o sucesso ou volta ao exílio em piores condições do que antes - o que significa a morte.



    Case é uma espécie de super-hacker do futuro, especializado em penetrar em sistemas corporativos para espalhar vírus e obter informações sigilosas. No mundo em que ele habita, a tecnologia consegue transformações espantosas na biologia do ser humano como, por exemplo, implantes variados [como o de chips no cérebro e de punhais embaixo das unhas], olhos computadorizados, mudanças no caminho de canais lacrimais [no caso de uma das personagens do livro, estes são desviados para a boca], drogas sintéticas alucinógenas sofisticadíssimas... A tecnologia do futuro bolada pelo autor possibilita até mesmo ressuscitar algumas pessoas. Um dos acontecimentos mais importantes em Neuromancer, inclusive, só pôde acontecer graças ao avanço da medicina: após tentar enganar os patrões, é implantada uma toxina no corpo de Case para que este morra dentro de um tempo determinado. Esse fato, aliás, já dá uma boa mostra de que o futuro mostrado no livro está longe de ser um mar de rosas. 



    "Gastou a maior parte do dinheiro da conta suíça num pâncreas e num fígado novos: o resto, num novo Ono-Sendai e numa passagem de volta ao Sprawl.
    Encontrou trabalho.
    Conheceu uma garota que chamava a si mesma de Michael.
    E, numa noite de outubro, quando avançava pelas galerias da Eastern Seabord Fission Authority, notou três figuras, minúsculas e impossíveis. Apesar de serem tão pequenas, conseguiu descobrir o sorriso do rapaz, as gengivas rosadas, o brilho dos olhos rasgados e cinzentos — os olhos que tinham sido de Riviera. Linda ainda vestia o seu blusão; acenou quando ele passou. Mas a terceira figura, muito junto dela e com o braço em volta dos seus ombros, era ele próprio.
    Em algum lugar, muito próximo, a gargalhada que não era uma gargalhada."



    Gibson prende o leitor com uma narrativa que anteviu os termos computacionais e estabeleceu um ritmo de thriller ao livro, com uma linguagem cinematográfica, povoada de referências à corporações, punk rock, drogas, sexo e violência. 
Neuromancer é um romance que extrapolou a condição de ficção e se tornou um referencial obrigatório sobre teorias acerca do Ciberespaço e Internet. É uma tese sobre como a computação pode alterar as relações humanas, o ritmo de sobrevivência e a percepção da vida real. Com o livro, Gibson marcou definitivamente a sua presença na cultura pop ao ser a grande influencia da trilogia cinematográfica Matrix e dar origem a estética do Ciberpunk - gênero muito explorado em filmes, livros e games.
Leitura obrigatória para diversão e reflexão.


Referências: 





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